sábado

Como num dia de semana. (parte3)

Ligação pro supervisor do galpão:
- Alô.
- Sim.
- Esta manha. O que houve?
A voz do outro lado da linha parecia ter sido a voz da própria morte avisando visita próxima.
- Tudo bem?
Pergunta a secretaria preocupada.
- Obrigado, Sim, Tomarei providencias.
Desliga o telefone ainda aturdido, olha pro chão onde pisa, ele parece não estar ali.
- Um acidente.
- Quem?
Mas o supervisor já havia saído, e a pergunta ficou sem resposta.

terça-feira

Como num dia de semana. (parte 2)


Meio dia.
-Hora do rango negadaaaa!
Não sei que animação eles sentem nesta comida.
Sai do galpão e logo sente que algo não vai bem, quase havia se esquecido do ocorrido da manha, mas aquele engravatado ali, fez lembrar.
- Sr. Podemos falar a sós?
- tenho eu opção?
- Não senhor.
- ora então porque pergunta? Vamos logo com isso!
- Preciso que o senhor assine uns papeis, e traga sua carteira de trabalho para que possamos dar baixa nela.
- você não esqeceu de dizer que eu estou despedido?
- Está implícito.
E sorri o engravatado.
Assina os papeis com um orgulho que a muito não sentia correr nas veias duras, estava feliz enfim, não lembra da ultima vez que se sentiu assim, pega seu dinheiro sem contar.
- Não vai conferir?
- Vocês me roubaram metade da vida, uns reais não farão diferença.
E sai sorrindo pros ex-colegas, embarca no carro, e sai rápido dali, na via expressa novamente, não acelera, fica na direita, fumando lentamente um cigarro, e ouvindo  uma radio qualquer que não conhecia, nem a radio, muito menos as musicas que ela toca, um rock antigo provavelmente. Assobia junto com o refrão que parece estar lá, no fundo da memória. Lembra da mulher em casa, do cachorro, e o refrão fica mais forte.
- la la la , lalalalalá.
A placa diz entrada a 100 metros, ele reduz, dá a seta e manda o carro pra esquerda, ainda reduzindo, o cigarro cai no banco, ele larga o volante e tenta não se queimar, levanta a cabeça e olha pro lado, uma luz parece estar bem perto, uma buzina forte...

Como num dia de semana. (Parte 1)

- Que horas são?
- Seis e meia.
- Porra!!
- Bom dia pra você também.
Ele não responde, levanta e tenta abrir os olhos o suficiente para ver onde pisa, desviando de camisas sujas e maços de cigarros vazios chega ao banheiro.
- O que você fez?
O rosto no espelho não responde, e parece estar meio cheio de olhar sempre a mesma cara.
- Foda-se você também!!
A mulher põe uma chícara de café em cima da mesa, que ele toma como se fosse água, e querendo que fosse cachaça. Recolhe o pouco dinheiro que lhe sobra, procura pelo cachorro que parece ter morrido.
- menos um a dar trabalho.
Ele aparece abanando o rabo e olhando pra cima.
- Não foi desta vez então fedorento?
Afaga o cachorro sem saber da mulher, entra no velho carro azul, e sai.
Acende um cigarro na primeira sinaleira, não pensa em nada, e quando pensa se irrita com o pensar. Acelera na via expressa, xinga uns dois ou três pelo caminho, joga fora a ponta do cigarro. Chega ao trabalho com cinco minutos de atraso, agoniado com segundo atraso da semana, bate o ponto com oito minutos de atraso.
- Este relógio esta adiantado!
- ou você esta atrasado?
Olha pra trás e vê seu supervisor, anos mais novo na vida e na empresa, preparado para mandar um Foda-se, segura, engole, e tentar sorrir, sem conseguir.
- logo vou ter que abrir um aviso pra você. Mais cuidado, mais cuidado!
O supervisor sai, olhando aquela criaturinha infernal andando de costas, pensa alto:
- Eu te esmagaria com um dedo seu Filha da Puta.
- Falou comigo?
Em vez de dizer um “não senhor”, resolve ser o homem que costuma dizer ser, e diz:
- Falei sim seu tampinha de merda, estou nesta empresa a mais tempo que voce esta vivo, e você e vem me dizer que vai abrir aviso, eu que te aviso pintor de rodapé, toma cuidado VOCÊ!!!
Vira as costas e vai atrás dos seus afazeres.
No escritório o supervisor relata o acontecido para o seu supervisor, que passa pro seu supervisor, que chega ate o gerente, que torna o dono do azul e velho carro, desempregado por justa causa, e sem muitos beneficios.

sábado

Os bons morrem jovens.


Depois de vários minutos de silencio, decido escrever em homenagem a Amy Winehause, nunca fui a show algum dela, e não mais terei essa chance.
Aos 27 anos de idade e tantos quantos de vida, vira manchete de jornal com a já decidida socialmente “causa mortis”, overdose, é sempre overdose ou qualquer doença que decorra do consumo deliberado de drogas. É automático este pensamento, sempre em manchetes nada positivas, ela aparece aos trancos e barrancos, com as roupas desajeitadas e uma cara que diz: “Fodam-se”, gosto dessa cara.
Considerada uma marca no inicio da nosso século vigente, ela vai ainda passar muito tempo nas caixas espalhadas pelo mundo, as vezes em alto volume, ou nos celulares, creio que ela vai estar por todo lado, como alguns tantos que nunca perdem o brilho.
Uma grande salva de palmas para o grande ato de curto tempo, que perde hoje seu personagem principal.

terça-feira

Vendedor de flores.


Vendedor de flores, que não abre mão de vender, e não dá. Amou muito, mas nunca disse coisa com coisa quando a amada aparecia diante de seus dentes tortos. Agora com seus idos 60, repassam na memória os bons momentos com a pequena Rosa.
Passa os dias na banca, que leva um letreiro colorido e velho no alto, e com o nome de Florlândia, não havia sido idéia dele este nome, mas não teve vontade de trocar.
- Não é pelo nome que as pessoas vêm, é pelas flores.
Dizia sempre que questionavam a qualidade da velha inscrição na madeira rachada e escurecida.
Via todo o tipo de pessoa passar, e não gostava de nenhuma delas, ou de quase nenhuma, há uma bela moça, que sorri de graça, e compra flores de todo o tipo, sempre uma por vez, e sai com aquele sorriso, e a flor na mão, não sabia o nome dela, mas sabia que ela adorava Dálias roxas, comprava todo tipo de flores, mas de sempre em sempre, olhava todas, dizia que eram lindas, e levava uma Dália roxa.
Abandonou os sonhos há tempos, enterrou junto com um grande amor, tinha raiva de Deus por estar vivo num mundo desses, em que Rosa não mais pode ser vista com seus cachos emaranhados, correndo descalça e recitando poemas pela metade, sempre gostou dos finais que ela inventava, é certo que nunca havia se dado bem com poesia, ou outro tipo de literatura, pois não sabia ler, mas com Rosa era gostoso de ouvir.
Tinham uns tantos cachorros que passavam algumas horas ali com ele, na banca, ate que passasse algo mais cheiroso para seguir, gostava das companhias caninas, não falavam nada, e este fato por si só tornava-os bons companheiros. No mais, a solidão e a saudade eram suas companheiras fieis. Morava num canto do morro, que se levanta atrás dos prédios, acostumado com policia e traficante, pensava sempre que se mereciam um ao outro. E nunca se incomodou com os drogados, deixava passar, às vezes até fazia piada, geralmente não, mas sempre tem aquele dia ou outro que se acorda diferente, e se distribui sorrisos até que a maçante realidade amasse as caras novamente.
Uma vez apareceu um senhor engravatado, que dizia que ele não podia estar ali, que ali era para os passantes passarem, ou algo parecido, mas com um desconto num belo buquê, e mais outro, e mais outro, o homem nada mais falava dos passantes, e assim foram-se indo as semanas, ate que o homem engravatado apareceu sujo, cheirando à cachaça, e dizendo que fora traído, que todo o seu mundo havia desabado. Depois deste dia nunca mais vira o pobre.
Costumava a guardar estas historias, mas agora não mais via motivo para recordar das coisas, era tudo sempre igual, então pra que guardar algo que vai acontecer de novo amanhã? Talvez este tenha sido o aprendizado de sua vida, as coisas sempre se repetem, talvez se veja de um ângulo diferente, mas é a mesma coisa.
Antes ria dos japoneses do restaurante noutro lado da rua, quando saiam pela rua com o rolo de massa na mão, e gritando uns com os outros daquele jeito que só eles sabem fazer, agora perdeu a graça, até irrita um bocado.
Hoje o dia amanheceu chuvoso, e com cara de estragado.
- Ninguém vai querer flores com esse tempo.
Resolve ficar em casa, há anos não ficava em casa numa segunda-feira, era estranho, e o dia com uma cara dessas também não ajuda muito, pensa em voltar pra cama, e ficar lá, e assim faz, volta pra cama, no pequeno trajeto da janela quebrada até cama, abre uma gaveta, uma dessas pequenas que não cabe nada direito, tira um pano com cara de velho, desdobra, pega um colar, que brilha dourado, mas não é ouro, segura firme nas mãos, deita, olha o teto, pensando em Rosa, aperta mais as mãos grossas e fecha os olhos marejados.
Sua respiração vai aos poucos diminuindo, diminuindo, diminuindo...
Até não mais existir.
Assim como o vendedor, ele não existe mais.
Existe apenas um corpo, numa cama, num barraco, sem ninguém para velar, ou chorar pela perda, é apenas um corpo que começa a gerar minúsculas vidas que ninguém batiza ou morre de amores.


11 de Julho de 2011
Carlos Viana.   

segunda-feira

Um segundo atras do outro, o tempo nao falha.

Tenho pensado muito na inevitabilidade do tempo, passando rapido ou devagar, ele nunca para, reduz a marcha ou nos da um descanso.
Esta prerrogativa me deixa inquieto, me da vontade de nao parar, mas nao posso faze-lo, meu corpo e minha mente pedem para reduzir a marcha, pegar a pista da direita, e deixar ir a esmo perdendo velociade gradualmente, ate que chegue mais uma montanha que eu precise acelerar.
Meu grande problema e que tenho uma impressao forte de que, a tempos subo uma ladeira ingreme, e se tirar o pe do acelerador, vou acabar retrocedendo, "puxe o freio de mao" alguns me dirao, mas tambem deste nao gosto, significa estancar no caminho, as pedras sao assim, sofrem apenas com a gravidade e nada mais.
Quando ouço o  falar de Raul Seixas, lembro das pedras que choram sozinhas no mesmo lugar, e sinto um frio correr pelo meu corpo, nao sou uma pedra, nao posso jogar a ancora e parar de navegar, e preciso que a caldeira nunca pare de arder, creio que um dia vai parar, mas este é o dia da minha morte, e este nao quero que chegue, cedo ou tarde, nao o quero, dispenso, deixo para aqueles que realmente Querem descansar em paz, ainda que esta paz seja perturbada por aqueles que ainda andam sobre a terra, apegados aos estao sob ela.
Este tem sido meu karma maior, sentir a cruel existencia desta inevitabilidade.
Alguns vao achar, que eu aqui com meus Dezenove, estou a falar bobagens, que nada sei da vida ou do tempo para estar aqui, creio ate que estes nao lerão estas, ou outras palavras minhas. Escrevo o que penso, penso a muito tempo já, e este tambem é um martirio, pensar demais, nas horas nescessarias e desnecessarias, estou sempre pensando, nao que eu Queira estar pensando sempre, apenas nao consigo deixar de faze-lo, e acho que nao devo deixar de faze-lo, é o que me mantem vivo. 
Enquanto crio e descrio em minha mente, o tempo passa, e muitas vezes sinto que passei horas ali, olhando pra lugar nenhum, alterando as coisas para que façam sentido, e geralmente nao fazem, principalmente aquelas coisas da mente humana, sao confusas estas que me rodeiam, assim como a minha, talvez haja uma diferença nesta confusão, e esta diferenca seja o querer descomplicar-se, destruir esta confusao, arrumar as coisas aqui dentro, são tantas e a tanto tempo amontoadas uma sobre as outras, que nao torna a tarefa uma simples arrumaçao.
E vou assim, pensando, organizando e desorganizando, botando tudo hora pr'um lado hora pr'outro, ate achar um lugar pra este tudo, jogando algumas coisas obsoletas fora, e procurando por outras que me sejam mais uteis, ou ate inuteis, mas que nao me deixem contra meus principios, que sao muitos. Estes ultimos tambem tenho que reciclar por vez ou outra, e é dificil desfazer-se deles.
No mais, há muito o que descobrir, o que sentir, e minha curiosidade do porque desta louca vida, vai me levando adiante, adiante, adiante, junto com o tempo que passa milesimo por milesimo, um atras do outro numa precisao mais que cirurgica, por que o tempo, nunca falha.

domingo

O resto.

Dormindo sonha,
Sonhando sorri,
Ele sonha com ela,
Sorri por estar com ela.

Acordado pensa,
Pensando imagina,
Ele pensa nela,
Imagina estar com ela.

As circunstancias,
Insistentes, frias, cruéis,
Fazem-no perceber:
Ela não esta ali.

Só lhe resta por hora entao,
Saudade,
Melancolia,
E esta modesta poesia.

sábado

Las Dorgas

Aviso aos Navegantes, Dorflex bloqueia o pensamento, estou a horas na frente do computador e tudo que escrevo acho sem noçao demais até pra mim, e acabo apagando tudo, realmente DROGAS fazem mal. 

sexta-feira

Enfim empregado.

Depois de pular por ai de emprego em emprego, acho que encontrei o que vai me fazer crescer, interna e externamente. Técnico em informatica, numa empresa pela qual já passei uma vez como terceiro, e tentei duas vezes um estagio, tentativas falhas. Agora sinto que vai decolar, e estou aos pulos de alegria.
Ficar por ai vagando como um perdido(eu estava perdido),  agora estou mais em uma direção, que não se abriu completamente ainda sobre minhas vistas, mas sinto o ar gelado que passa por esta estrada, que agora começo a trilhar, resignadamente, testando cada passo, pisando em ovos, dizendo sim senhor e não senhor e dando quase que meu sangue para manter as coisas em rumos certos.
Agradeço a todos que me desejaram "Boa Sorte", e também aqueles que não desejaram nada, que nem sabem da minha existência, creio que toda esta gratidão nasce na minha felicidade de sentir o chão sobre meus pés cada vez mais firme.
Estive pensando nas voltas que a vida da, são muitas, e as vezes nos pegam de surpresa, de solavanco, como se quisesse nos chamar atenção para algo que ainda não sei o que é, mas sinto.
Nao tinha a menor ideia do que eu ia fazer a menos de dois dias, a agora estou contratado com carteira assinada e começo em 5 dias, este mes de julho esta se mostrando gratificante, tanto quanto as ultimas semanas de junho foram confusas.
Ainda não sei o que vou fazer da minha vida, mas pelo menos sou um perdido auto-sustentável, ou quase isso.

quinta-feira

Estou seguindo Inutilidades.

Tive que rir e postar aqui,

Parabens Carlos, voce esta seguindo inutilidades.

Sem os parebens e levando esporros ja tinha escutado. Com os Parabens tive que guardar.

Texto antigo que achei por ai.

Vou pra rua fumar um cigarro, pego as primeiras gotas de uma chuva que começa a cair, uma musica de adele tocando na cabeça, penso que ficaria legal uma versão só com violão bem tocado, com destaque para o bem tocado, penso umas 30 vezes nela ainda enquanto fumo, tudo muito estranho dentro desta minha cabeça que volta a descrever meus dias com rimas e discussões entre o tico e o teco, acho mesmo que tem dois na minha cabeça, uma bem vadio e o outro também, mas com idéias bem diferentes. Vou colocar o computador pra hibernar, penso ca com o teco, ou o tico nao sei, era pra mim ir hibernar, neste frio que parece não querer diminuir. Ia escrever um “bj, boa noite” mas estou escrevendo pra ninguém, e pra todo mundo também, "bj" pra todo mundo é complicado, entao, Boa Noite leitor.

Como num diario...

...Escreverei sempre por aqui, ao contrario daqueles pequenos livros cadernos, que se todos escondem sobre os travesseiros de penas, com cadeados que qualquer pedaço de metal consegue abrir, este escrevo para que leiam, pelo menos espero que leiam, é o que posso fazer, esperar.
E este "esperar" tem sido meu martirio, ficar aguardando pela vida, num lugar qualquer onde os ventos e tempestades nao me atinjam, nao me serve, quero sentir o vento e a chuva caindo sobre meus ombros, amar de verdade, conhecer as pessoas e suas historias, seus amores nao vividos e seus arrependiementos mais profundos. Quero sonhar, tenho pra mim que um homem sem sonhos e um morto-vivo, alguem que perambula por ai, sem ter pra onde ir.
A algum tempo eu era mais um destes andarilhos bem vestidos, que bebem pra esquecer que suas vidas nao passam de um simples teatro sem espectadores. Agora sonho, e vou percorrer matas denssas dentro de mim, para tornar real meus sonhos. Numa semana em que guardo com força na memoria e no coraçao, descobri que nao sonhava acordado, e que aqueles dias foram reais, e tambem surreais. Agora penso dia e noite em estrategias utopicas, que me levem ate la novamente. Creio que se tentar, e tentar, e tentar, uma hora chegarei la novamente, e por la vou ficar.
Mas enquanto meus caminhos nao se abrem, vou esperando, esperando, esperando... e claro, escrevendo e descrevendo meus Dias de luta.

quarta-feira

Do nada ao lugar nenhum.

Andando pelas ruas do centro, com as pessoas agasalhadas, correndo pra qualquer lugar que desconheço, penso em escrever novamente, agora penso em escrever o tempo todo, as palavras voltaram, e algumas saem de lugares obscuros, prefiro não conhecer estas obscuridades, desde que continuem me dando as frases, que formam este e outros textos.
Chego em casa com a cabeça fervilhando de idéias, e o estomago pedindo piedosamente por algo para destruir com seus ácidos, como sempre, abro a geladeira e ponho-me a pensar, acho umas pequenas cochinhas fritas de algum almoço, como logo cinco delas, quase brutal a cena, e para um ex-vegetariano, estou indo bem.
Sem as lamurias estomacais (?), sento e abro o note que permanece ligado a dias, Amy Winehause no player, e meus dedos já passeiam rápido sobre o teclado, a tempo não tinha tantas palavras querendo sair por todos os lados, espero que tal vulcão de letras não pare de jorrar suas confusões ao alto. Sim, confusões são a maior parte de mim, e sinto que tal balburdia de pensamentos, é o que este meu leitor imaginário verá em cada linha, cada parágrafo, que se desenrola sobre seus olhos.
Meu cachorro que antes não podia entrar pela porta, já esta do meu lado aqui dentro, não ligo, costumo me divertir jogando pedaços de comida que ele pega antes de cair no chão, na verdade, costumo me divertir com a comida, não tenho este prazer em comer que ouço muitos falarem, gosto de pensar, e não consigo faze-lo com o estomago cheio.
O telefone toca procurando por alguém que não se encontra, desligo o telefone e lembro das cochinhas, pego mais duas, e penso que mais alguém deve estar pensando nelas no trabalho, tarde demais, comi sem ver, e dei risada com o cachorro tentando levantar a geladeira, para salvar um ossinho perdido, ri mais quando o gato se juntou a ele, percebo que eles estão quase se ajudando, claro que se eles conseguirem tirar o osso dali, o gato vai levar a pior, o cachorro comeria tanto o gato quanto o osso, num pequeno descuido dos seus maxilares.
Como este texto começou em lugar algum, e se direcionou pro nada, e tambem para minha alimentação hiper-balanceada, termino ele aqui, sem palavras chave, ou frase de efeito. so com o bom e irremediavel.

FIM

Calma

Depois de enrolar na cama ate as 10 e meia, levanto, tomo um banho, tudo parece estranho, nao tenho vontade de falar com ninguem, e ainda tenho que sorrir pras visitas que nao perdem a mania de contar sempre a mesma piada. Dia e noite penso em estar em outro lugar que nao aqui, mas a realidade é fria e insiste em me lembrar o lugar em que me encontro.
Me pedem pra sair e comprar algo, saio sem pensar muito pra onde vou, ou o que vou comprar, apenas ando pelas ruas sujas fumando e meu cigarro e desviando os olhares que parecem me fulminar, penso em dizer: "ora, fodam-se todos, nunca viram alguem triste", começa a tocar cassia eller na minha cabeça, e nao tento tira-la do pensamento, nem Cassia que canta agora, nem Mariana, em que somente na memoria ouco sua voz.
Tentei um emprestimo paterno para uma camera nova, ele diz: "Vamos com calma, vende tua guitarra e ai nós vemos o que acontece". Calma? Estao todos sempre me pedindo pra ter calma, ora bolas calma e pra quem ja viveu muito, e ja se encheu de lembranças pra relembrar nos momentos Ociosos que chamam de momentos Calmos. Nao quero me acalmar, estou com 19 anos e tenho muito ainda por fazer, e o ócio destes tempos me deixa irritado, abaixar a cabeça e trabalhar pra alguem que vai tirar lucros e realizar pequenos sonhos que nao Eu, nao me serve.
E certo tambem que ainda nao me sustento, e preciso dar um jeito de faze-lo, mas nao quero ficar pelas vielas da vida em que todos amarraram seus sonhos como caes, e tem medo de solta-los, medo de que o sonho possa mesmo se realizar, medo de ser feliz. Quero uma vida inteira de felicidade, cada dia um sonho novo pra realzar, e os antigos ja realizados como trofeus que o ego guarda na memoria.
Em resumo, nao tenho calma, quero cada dia mais, e vou assim, Querendo e Sofrendo, como disse caetano ou outro destes que nao amarraram seus sonhos aos pés da mesa, numa bela sala de estar.

terça-feira

Le Frio


Sem muitas idéias, uma me parece querer dar certo, escrever sobre o frio, que agora assombra todas as pobres almas friorentas daqui, inclusive a minha. Mesmo com duas calças minhas pernas pedem por mais uma, com os cabelos recém raspados, sinto frio nas orelhas, e o nariz às vezes da a impressão que vai cair. Todos os comentários que aparecem na internet são parecidos, pedindo que alguém desligue o ar condicionado que não cansa de secar meus lábios, rachados e doloridos.
Bem vindos ao inverno, ou ao inferno frio que se tornou estes dias, os termômetros marcando temperaturas de um único digito, às vezes precedido de um desconfortante sinal de menos. Nos jornais, gelo na serra e fogo numa casa em que alguém esqueceu o aquecedor ligado, ou dormiu com ele ligado de propósito, e eu aqui enrolando pra tomar banho.
Em casa, não posso fumar no quarto, e ir à rua faze-lo e uma tarefa que me exige muito, penso comigo, se continuar assim frio vou acabar parando com este pequeno grande vicio, ou vou desrespeitar a regra e acende-los na janela, onde por o nariz pra fora e um sofrimento só, pelo menos e apenas o nariz que congela.
A manteiga fora da geladeira continua dura, a aos poucos sinto meu corpo enrijecer também, a água é gelada o tempo todo, não que eu lave a louça ou coisa que valha, mas tento lavar o rosto, tento, são muitas às vezes em que passo a mão molhada sobre os olhos e digo pra mim: “pronto, mais do que bom”. Lembro do meu cachorro lá fora, sinto pena dele, e ate muitas vezes trago ele aqui pra dentro quando estou sozinho, mas um cachorro de quase 30 quilos que gosta de pular e correr o tempo todo, não e a melhor companhia para uma cristaleira.
O sol alegra o povo daqui, e a maioria passa horas tentando fazer fotossíntese, parados em frente às lojas vazias, que não vão se encher tão logo, sair de casa somente quando estritamente necessário, que muitas vezes torna-se desnecessário assim que se põem os pés na rua, e se sente o agradável vento sul cortando as paisagens e mandando todo mundo pra dentro de casa, ordem esta que eu não reluto em acatar.
Pensando com carinho, este frio é uma grande merda, não há no mundo alguém que goste de se sentir congelando, e a pior sensação que conheço, claro, mal de amor é pior, mas pelo menos ele não deixa as mãos duras e doloridas, são coisas bem diferentes.

segunda-feira

O Começo.

Começo a postar meus textos que a tanto escrevo e jogo num canto de uma gaveta qualquer. Agora não mais quero amontoar pensamentos em frases, depois em textos, depois em papel inútil, que jogo pra lá e pra cá, e depois pro lixo, cansei de jogar idéias pela janela. Acho por bem começar este espaço me apresentando, me chamo Carlos, e qualquer outra informação, relevante ou não, estará em pedaços, espalhados pelos escritos. Todo o texto revela sobre o escritor, então aquele que ler o que publicarei aqui saberá mais de mim do que o que eu possa dizer, já que o que posso dizer sempre será uma visão pessoal egoísta e parcial de mim. Estou ainda tentando gerar o segundo post, primeiro escrito real, com algo que eu realmente queira dizer, quero dizer tanta coisa pra tanta gente que não consigo escrever sobre um tema sem me divagar sobre tantos outros que tenho guardados, esperando seu momento pra virar palavra escrita. Devo confessar que idéia de que alguém vai ler, piora um pouco muito as coisas, existe aquele velho medo do que as pessoas vão achar, e enfrentar os medos guardados são sempre uma luta intensa, que agora estou disposto a vencer.

No mais, acho que não ha mais nada, e ha também todo o resto, que vai se espalhar por aqui e por ali, ate achar o lugar certo pra estar. Espero que alguém alem de mim goste de ler o que eu escrevo, se não gostar, bem, procure algo que goste, digo isso sem pesar, por que sei que não gosto de muita coisa que se escreve por ai, e simplesmente não leio, passo a pagina, procuro por outro autor, ate achar algo que realmente faça sentido estar parado olhando para um monte de letrinhas enquanto a vida passa. Logo, creio que não hoje, estarei aqui com um primeiro texto. Ate lá, se alguém quiser uma dica de algo pra ler, "sinuca embaixo d'água", livro de uma gaúcha, de 2009, que eu gostei muito. Até logo.